Breve tratado dos homens, das mulheres e dos relacionamentos
Por Lian Tai
Estava mexendo nas minhas coisinhas e achei um velho caderno. Todos meus objetos constituídos de papel oferecem algum perigo: pode-se encontrar neles algum pedaço de intimidade. Uma frase, uma anotação, uma idéia, um verso. Espalho anotações pelos papéis que aparecem na minha frente, porque um pensamento sempre pode virar um poema, um texto, ou, no mínimo, um pensamento sem sentido eternizado. E que ninguém se engane: Até nas histórias mais fictícias há um tanto do mais íntimo de cada um.
Mas, voltando ao assunto, achei este caderno. Nele havia alguns rabiscos, delineando o que um dia viria a ser (ou melhor, virá a ser) um Tratado dos homens, das mulheres e dos relacionamentos. É um objetivo bem pretensioso, confesso. Mas construído à custa de muita observação empírica e filosofia de boteco. Quem ler este texto terá em primeira mão os primeiros apontamentos do que se tornará umbest seller.
Para começar a definir a grande diferença entre a alma do homem e da mulher, vou citar o adjetivo desejado por cada um e seu contrário, que se torna a maior ofensa. A qualidade que o homem deseja alcançar é a potência. Em todos os sentidos: potência sexual, econômica, profissional. No sentido contrário, o adjetivo impotente e outros que tenham conotações semelhantes são os que mais ofendem. A imagem do homem é, portanto, aliada ao poder. Já a mulher deseja o amor. O que mais a faz se orgulhar é ser desejada. Logo os adjetivos que a ferem são mal-amada e feia. “Feia”? – alguém perguntará. Feia, sim. Porque, neste caso, feia torna-se quase um sinônimo de indesejada, já que nossa sociedade tem a beleza como um dos mais valiosos valores no que tange à mulher. Dispenso aqui todas aquelas explicações e lugares-comuns sobre a história da atual sociedade e a formação de valores machistas, etc.
Homens são pão-duros para coisas não duráveis. Eles podem gastar uma nota em televisão, carro, sapato. Mas preferem comprar um DVD musical em vez de ir a um show. Motivo: o DVD dura, o show é breve. Da mesma forma, eles preferem não gastar dinheiro em restaurantes. Enquanto isso, para a mulher, é deprimente ter que ouvir um: “Pra que vou gastar isso numa refeição, se faço uma igual gastando bem menos?” Ah, mas existe um detalhe importante neste ponto: Homens nunca são pão-duros em fase de conquista.
Outra característica marcante que até já é um clichê, mas não menos verdadeiro: Mulheres adoram discutir relacionamento. Homens detestam. Outro dia vi a Rita Lee na TV dizendo que toda mulher é chata e todo homem é bobo. Fiquei revoltada. Não por não concordar, mas justamente por ela fazer uma afirmação que já era muito minha.Toda mulher é chata e todo homem é bobo – é esta a melhor explicação para as mulheres adorarem discutir relacionamento, enquanto os homens fogem. Explico: a mulher é chata porque enxerga demais. Algumas vezes, enxerga até o que não existe. Homem é bobo porque não enxerga nem o óbvio. A mulher complica. O homem torna as coisas simplistas.
O resultado prático dessa diferença no olhar é que a mulher enxerga com lente de aumento algum incômodo que para o homem nem existe. Aí ela o procura para discutir o “problema”. O homem foge da discussão. Se a mulher insiste muito, com o tempo o homem passa a fugir não só da discussão, mas da mulher. Ela considera esse distanciamento como a prova de que “aquele” problema existia. E insiste mais ainda na necessidade de discutir o relacionamento.
Por outro lado, a mulher é propensa a crises subjetivas. Num dia, sem mais nem menos, ela fica triste, chorona ou nervosa. E não adianta perguntar o motivo, pois ela não sabe. Aí vem o homem, procurando um problema objetivo, e insiste em saber o porquê daquele comportamento. “Diga qual é o problema e vamos resolver”- ele insiste. A melhor resposta para isso seria o que uma amiga minha ensinou para seu namorado logo que começaram a ficar juntos: “Nessas situações, cala a boca e me abraça”. Eu chamo essas crises de “ TPM
fora de época”. Nomear esse estado é um jeito de fazer os homens compreenderem melhor algo que lhes é incompreensível: o sentir-se de determinada maneira sem motivo.
Quero deixar claro que, ao falar de características femininas e masculinas, não quero dizer que todo homem aja assim e toda mulher aja assado, embora o diga, por questões puramente estilísticas. Quero dizer apenas que é característica própria de cada gênero, não uma regra geral. Entre as características de um e outro gênero, há gradações. Conheço, por exemplo, casais que são invertidos: a mulher cem por cento masculina e o homem feminino. Ele cheio de subjetividades. Ela, direto ao ponto. O interessante é observar como as gradações de cada um se combinam e se equilibram. E como, nesse equilíbrio, cada relacionamento funciona à sua maneira, dentro de uma dinâmica misteriosa, chamada amor.
Por Lian Tai

Mas, voltando ao assunto, achei este caderno. Nele havia alguns rabiscos, delineando o que um dia viria a ser (ou melhor, virá a ser) um Tratado dos homens, das mulheres e dos relacionamentos. É um objetivo bem pretensioso, confesso. Mas construído à custa de muita observação empírica e filosofia de boteco. Quem ler este texto terá em primeira mão os primeiros apontamentos do que se tornará umbest seller.
Para começar a definir a grande diferença entre a alma do homem e da mulher, vou citar o adjetivo desejado por cada um e seu contrário, que se torna a maior ofensa. A qualidade que o homem deseja alcançar é a potência. Em todos os sentidos: potência sexual, econômica, profissional. No sentido contrário, o adjetivo impotente e outros que tenham conotações semelhantes são os que mais ofendem. A imagem do homem é, portanto, aliada ao poder. Já a mulher deseja o amor. O que mais a faz se orgulhar é ser desejada. Logo os adjetivos que a ferem são mal-amada e feia. “Feia”? – alguém perguntará. Feia, sim. Porque, neste caso, feia torna-se quase um sinônimo de indesejada, já que nossa sociedade tem a beleza como um dos mais valiosos valores no que tange à mulher. Dispenso aqui todas aquelas explicações e lugares-comuns sobre a história da atual sociedade e a formação de valores machistas, etc.
Homens são pão-duros para coisas não duráveis. Eles podem gastar uma nota em televisão, carro, sapato. Mas preferem comprar um DVD musical em vez de ir a um show. Motivo: o DVD dura, o show é breve. Da mesma forma, eles preferem não gastar dinheiro em restaurantes. Enquanto isso, para a mulher, é deprimente ter que ouvir um: “Pra que vou gastar isso numa refeição, se faço uma igual gastando bem menos?” Ah, mas existe um detalhe importante neste ponto: Homens nunca são pão-duros em fase de conquista.
Outra característica marcante que até já é um clichê, mas não menos verdadeiro: Mulheres adoram discutir relacionamento. Homens detestam. Outro dia vi a Rita Lee na TV dizendo que toda mulher é chata e todo homem é bobo. Fiquei revoltada. Não por não concordar, mas justamente por ela fazer uma afirmação que já era muito minha.Toda mulher é chata e todo homem é bobo – é esta a melhor explicação para as mulheres adorarem discutir relacionamento, enquanto os homens fogem. Explico: a mulher é chata porque enxerga demais. Algumas vezes, enxerga até o que não existe. Homem é bobo porque não enxerga nem o óbvio. A mulher complica. O homem torna as coisas simplistas.
O resultado prático dessa diferença no olhar é que a mulher enxerga com lente de aumento algum incômodo que para o homem nem existe. Aí ela o procura para discutir o “problema”. O homem foge da discussão. Se a mulher insiste muito, com o tempo o homem passa a fugir não só da discussão, mas da mulher. Ela considera esse distanciamento como a prova de que “aquele” problema existia. E insiste mais ainda na necessidade de discutir o relacionamento.
Por outro lado, a mulher é propensa a crises subjetivas. Num dia, sem mais nem menos, ela fica triste, chorona ou nervosa. E não adianta perguntar o motivo, pois ela não sabe. Aí vem o homem, procurando um problema objetivo, e insiste em saber o porquê daquele comportamento. “Diga qual é o problema e vamos resolver”- ele insiste. A melhor resposta para isso seria o que uma amiga minha ensinou para seu namorado logo que começaram a ficar juntos: “Nessas situações, cala a boca e me abraça”. Eu chamo essas crises de “ TPM
fora de época”. Nomear esse estado é um jeito de fazer os homens compreenderem melhor algo que lhes é incompreensível: o sentir-se de determinada maneira sem motivo.
Quero deixar claro que, ao falar de características femininas e masculinas, não quero dizer que todo homem aja assim e toda mulher aja assado, embora o diga, por questões puramente estilísticas. Quero dizer apenas que é característica própria de cada gênero, não uma regra geral. Entre as características de um e outro gênero, há gradações. Conheço, por exemplo, casais que são invertidos: a mulher cem por cento masculina e o homem feminino. Ele cheio de subjetividades. Ela, direto ao ponto. O interessante é observar como as gradações de cada um se combinam e se equilibram. E como, nesse equilíbrio, cada relacionamento funciona à sua maneira, dentro de uma dinâmica misteriosa, chamada amor.
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